quarta-feira, 23 de novembro de 2022

O PARTO DO LENITA: A HISTÓRIA DE UMA DAS PRINCIPAIS ESCOLAS DE SÃO BENTO DO UNA


 O PARTO DO LENITA


O sonho do Lenita começou a concretizar-se num domingo de carnaval, na casa de Adauto Paiva, nos idos de 1950. Em meio a marchinhas, sons de vozes e violões; enquanto Zé Mota tomava o seu copinho de bate-bate de maracujá, veio à tona um assunto sério. Mexeu-se na ferida maior dos são-bentenses na época: a ausência de um colégio na nossa terra. Dona Feliciana Paiva, esposa de Adauto Paiva, imediatamente passou a bola para o prefeito-folião que, entre animado e desafiado, garantiu alto e bom som, que São Bento do Una não ficaria sem o seu tão sonhado colégio. E não deu outra; pelo clarim do não menos folião o vereador Alfredinho Cintra, também entusiasta da ideia, foi apresentando à Câmara o projeto de criação do primeiro colégio oficial de São Bento do Una. Daí pra frente enormes dificuldades surgiriam, todas felizmente superadas. Deus e Zé Mota sabem disso.
A luta pela obtenção de meios foi árdua. Até um circo, daqueles sem cobertura, tipo penico sem tampa, foi utilizado na angariação de dinheiro. A pedido do Prefeito José do Patrocínio Mota, o proprietário do circo concordou em dividir as rendes das noitadas em benefício do colégio. E o circo ganhou, assim, um novo bilheteiro: Zé Mota, que saiu de casa em casa vendendo ingressos. E, pasmem, houve quem recusasse colaborar...
Quando o problema financeiro foi satisfatoriamente resolvido, a Prefeitura viu-se diante de outro obstáculo: a iminente vistoria do Ministério da Educação. Nessa análise inicial, o Lenita foi reprovado pela ausência de um laboratório de ciências, o que foi imediatamente resolvido, através do Monsenhor Adelmar da Mota Valença, na época diretor do Diocesano de Garanhuns, que cedeu, por empréstimo, quase todo o acervo laboratorial daquele tradicional educandário.
Conta Zé Mota:
- Viajei de Garanhuns a São Bento, trazendo num carro tudo quanto eram frascos de cobras, lagartos e caranguejeiras...
O último item da inspeção aprovado pelo MEC, referia-se ao número de alunos exigidos. Temendo não satisfazer tal exigência, apresentar-se-ia diante da recém criada direção do Lenita, o primeiro aluno ao primeiríssimo exame de admissão ao ginásio. Quem? Zé Mota!

Por Leone Valença

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